Na defesa do ex-assessor Filipe Martins há pouco mais de três meses, o advogado Jeffrey Chiquini tem sido uma figura frequente no noticiário político brasileiro em razão de sua postura combativa contra as atuações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e também da Procuradoria-Geral da República (PGR) na ação penal contra Martins.
Além de atuar na defesa do ex-assessor internacional do governo de Jair Bolsonaro (PL), Chiquini também representa Rodrigo Bezerra Azevedo, militar do Exército acusado de colaborar com um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.
A combinação entre causas de grande repercussão e forte presença nas redes sociais alavancou as redes sociais do advogado nos últimos anos. De pouco mais de 12 mil seguidores em 2022, Chiquini tem hoje 1,8 milhão de seguidores somente no Instagram, além de outros 237 mil no X, e 525 mil no YouTube. Na internet, cortes de suas sustentações orais no STF geraram grande engajamento e foram bastante compartilhadas.
Além dos casos mais ligados à política, Chiquini já defendeu outros clientes conhecidos — entre eles o jogador Alef Manga, investigado por envolvimento em apostas esportivas ilegais, e o ex-BBB Diego Alemão, acusado de porte ilegal de arma.
O advogado deixou a defesa de Manga após o atleta admitir ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) participação em esquema de manipulação de resultados.
Recentemente, Chiquini também ganhou destaque ao lado do vereador Guilherme Kilter (Novo-PR), com quem protocolou representações no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Controladoria-Geral da União (CGU) pedindo esclarecimentos sobre os gastos da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, em viagens internacionais.
Com a notoriedade crescente, Jeffrey Chiquini é cotado para disputar as eleições de 2026, possivelmente pelo Novo, partido ao qual é filiado. Nos bastidores, lideranças acreditam que ele pode concorrer à Câmara dos Deputados, enquanto o ex-deputado Deltan Dallagnol é apontado como provável candidato da sigla ao Senado. Em vídeos nas redes, Chiquini já reforçou a afinidade política com Deltan.
EMBATE COM MORAES E DESTITUIÇÃO
Desde que assumiu a defesa de Filipe Martins, Chiquini já protagonizou fortes embates com o ministro Alexandre de Moraes. Um deles aconteceu em julho, durante uma audiência de oitiva das testemunhas de defesa na ação penal que envolve o ex-assessor de Bolsonaro.
Na ocasião, Moraes interrompeu os questionamentos de Chiquini ao ex-ministro Gonçalves Dias, que chefiava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na época dos atos de 8 de janeiro de 2023. Moraes alegou que o advogado transformou a rodada de questionamentos em inquirição da testemunha em “tom acusatório”.
Ao repreender Chiquini, o ministro afirmou que os questionamentos do advogado se tratavam de acusações contra autoridade. Moraes disse ainda que o defensor teve a mesma postura em outras oitivas, quando o magistrado chegou a acusar o advogado de ter feito insinuações sobre a conduta do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ao ouvir as afirmações do ministro, Chiquini questionou Moraes sobre o motivo de não querer que Gonçalves Dias esclarecesse as suas perguntas sobre se recebeu informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas vésperas do 8 de janeiro. Moraes respondeu que as informações já haviam sido prestadas e, diante da insistência, silenciou o microfone do advogado.
– O senhor cassou a minha palavra? – perguntou Chiquini.
– Cassei a palavra – respondeu o ministro ao passar a fala para o advogado Eduardo Kuntz, do réu Marcelo Câmara.
Chiquini levou as mãos ao rosto e demonstrou contrariedade com a decisão do ministro. Moraes e o advogado já tinham entrado em atrito anteriormente, quando o magistrado chegou a dizer para Chiquini se calar.
– Doutor, enquanto eu falo o senhor fica quieto – afirmou Moraes.
Já neste mês, outro imbróglio envolvendo o ministro e o advogado ocorreu quando o magistrado destituiu Chiquini da defesa de Martins. No entendimento de Moraes, Chiquini, além dos outros advogados de Martins e os profissionais da defesa do ex-assessor Marcelo Câmara, não teriam apresentado no prazo estabelecido as alegações finais, última fase antes do julgamento.
A decisão, porém, durou apenas um dia, e já no último dia 10 de outubro o ministro reinseriu Chiquini na defesa de Filipe Martins. Antes disso, o advogado havia protestado nas redes com críticas à fundamentação jurídica usada por Moraes para retirá-lo da defesa do ex-assessor, e também questionando possíveis razões pessoais para a determinação do ministro.
FONTE:PLENO NEWS
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