Yod soa como uma leve inspiração. He e Vav, como sopros abertos. Quando ditas juntas, essas letras reproduzem o som natural da respiração humana. Uma respiração para dentro. Uma respiração para fora. Um ciclo divino que se repete — sem que precisemos pensar. Apenas vivemos por ele.
Há quem diga que o nome de Deus é a primeira palavra que pronunciamos ao nascer — não com a boca, mas com o pulmão que se abre ao primeiro fôlego. E que também é a última coisa que dizemos ao partir. Do primeiro choro ao último suspiro, falamos o nome de Deus com cada respiração.
No Gênesis, está escrito que Deus soprou nas narinas do homem o fôlego de vida. E foi assim que a alma se fez viva. Desde então, cada vez que inspiramos, repetimos o gesto original da criação. O sopro d’Ele em nós.
Essa visão não é apenas poética — ela é profundamente simbólica e espiritual. Alguns rabinos ensinaram que mesmo os que negam a existência de Deus ainda O invocam a cada instante… porque respiram. Mesmo em silêncio, mesmo sem fé, ninguém escapa desse elo invisível que nos conecta à Fonte.
A ciência pode explicar a fisiologia do respirar, mas a alma sabe: há algo mais. Respirar é orar sem palavras. É se manter unido ao sagrado sem esforço. É carregar, nos pulmões e na consciência, a lembrança viva de que não estamos sozinhos.
Você já parou para perceber? Quando está em paz… você respira diferente. Quando está em oração… o ar parece mais leve. Quando sofre… o peito pesa. A respiração revela tudo. Porque ela não mente, e carrega dentro de si o nome daquele que nos sustenta.
Talvez, no fundo, a vida seja isso: um único nome sagrado, repetido lentamente… até voltarmos para casa.
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