Rodrigo Paz Pereira, vencedor do inédito segundo turno das eleições presidenciais na Bolívia, afirmou em entrevista à Agência EFE que o “capitalismo para todos” que prometeu em sua campanha eleitoral “é totalmente contrário ao socialismo do século 21” defendido pelo ex-presidente Evo Morales.
Paz respondeu dessa forma quando questionado sobre uma recente declaração do também ex-líder do Movimento ao Socialismo (MAS), que afirmou que a vitória do ainda senador no segundo turno se deveu ao “voto evista”, ou seja, de seus apoiadores.
– O que preocupa a Bolívia é o futuro, não é Evo, nem 20 anos de desperdício de 60 bilhões de dólares (R$ 323 bilhões) e uma dívida que estão nos deixando, e ele é participante e culpado de 40 bilhões de dólares (R$ 215 bilhões) em dívida interna e externa. E ele é responsável por isso – afirmou Paz.
O presidente eleito declarou que, no momento oportuno, quando tiver em mãos informações “confiáveis” e “oficiais” sobre a situação do país, explicará publicamente qual é essa “realidade” e qual será o caminho a “seguir”.
Com relação aos processos na justiça que Morales deve enfrentar, muitos deles iniciados a pedido do governo de Luis Arce, Paz disse que dará “todo o apoio à justiça”, que é quem “deve aplicar o peso da lei”.
O futuro presidente boliviano afirmou que não ocorrerá em seu governo o que aconteceu nos últimos 20 anos, quando o MAS governou, “onde um presidente determinava quem seria processado”.
O político mencionou que, quando foi prefeito da cidade de Tarija, no sul do país, entre 2015 e 2020, Morales abriu 16 processos contra ele e o governo de Arce outros cinco “por decisão política”.
RESULTADO ELEITORAL
De centro-direita, Paz venceu o segundo turno com 54,61% dos votos contra 45,39% de seu rival, o ex-presidente conservador Jorge Tuto Quiroga, de acordo com dados preliminares divulgados no domingo pelo órgão eleitoral boliviano e que estão sendo confirmados à medida que avança a contagem oficial.
O processo eleitoral ocorre em um contexto de crise econômica refletida na persistente falta de dólares, escassez de combustíveis e encarecimento dos produtos básicos.
Paz afirmou que “a estabilidade é um bem público” e que o primeiro passo é garantir o abastecimento de combustíveis, para depois colocar a casa em ordem com uma série de decisões, como cortar o atual “desperdício” de recursos.
O “capitalismo para todos” que ele propõe inclui créditos baratos para empreendedores, redução de impostos e tarifas para a importação de tecnologia e veículos, além de acabar com o que ele chama de “Estado tranca”.
Paz também quer conceder 50% do orçamento geral diretamente aos nove departamentos bolivianos para que a economia e o Estado sejam construídos “a partir das regiões e não do centralismo”.
O presidente eleito da Bolívia, que concorreu pelo Partido Democrata Cristão (PDC) ao lado do ex-policial Edman Lara, tomará posse no dia 8 de novembro.
*EFE
FONTE:PLENO NEWS
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